O Que é o Cancro?
Oncologia

Médica

O Cancro

No mundo inteiro, milhões de pessoas vivem com o diagnóstico de cancro.

A investigação constante, numa área de intervenção tão importante como o cancro é, inquestionavelmente, necessária. Cada vez se sabe mais sobre as suas causas, sobre a forma como se desenvolve e cresce, ou seja, como progride. Estão, também, a ser estudadas novas formas de o prevenir, detectar e tratar, tendo sempre em atenção a melhoria da qualidade de vida das pessoas com cancro, durante e após o tratamento.

O cancro é a proliferação anormal de células.
O cancro tem início nas células; um conjunto de células forma um tecido e, por sua vez, os tecidos formam os
órgãos do nosso corpo. Normalmente, as células crescem e dividem-se para formar novas células. No seu ciclo
de vida, as células envelhecem, morrem e são substituídas por novas células.
Algumas vezes, este processo ordeiro e controlado corre mal: formam-se células novas, sem que o organismo
necessite e, ao mesmo tempo, as células velhas não morrem. Este conjunto de células extra forma um tumor.
Nem todos os tumores correspondem a cancro. Os tumores podem ser benignos ou malignos.

Os tumores benignos não são cancro:
– Raramente põem a vida em risco;
– Regra geral, podem ser removidos e, muitas vezes, regridem;
– As células dos tumores benignos não se espalham, ou seja, não se disseminam para os tecidos em volta ou
para outras partes do organismo (metastização à distância).

Os tumores malignos são cancro:
– Regra geral são mais graves que os tumores benignos;
– Podem colocar a vida em risco;
– Podem, muitas vezes, ser removidos, embora possam voltar a crescer;
– As células dos tumores malignos podem invadir e danificar os tecidos e órgãos circundantes; podem, ainda,
libertar-se do tumor primitivo (primitivo) e entrar na corrente sanguínea ou no sistema linfático – este é o
processo de metastização das células cancerígenas, a partir do cancro original (tumor primário), formando
novos tumores noutros órgãos.

 

cancro mama porto

O nome dado à maioria dos cancros provém do tumor inicial. Por exemplo, o cancro do pulmão tem início no pulmão e o cancro da mama tem início na mama. O linfoma é um cancro que tem início no sistema linfático e a leucemia tem início nas células brancas do sangue (leucócitos).
As células cancerígenas podem viajar para outros órgãos, através do sistema linfático ou da corrente sanguínea. Quando o cancro metastiza, o novo tumor tem o mesmo tipo de células anormais do tumor primário.
Por exemplo, se o cancro da mama metastizar para os ossos, as células cancerígenas nos ossos serão células de cancro da mama; neste caso, estamos perante um cancro da mama metastizado, e não um tumor ósseo, devendo ser tratado como cancro da mama.

FACTORES DE RISCO

Muitas vezes, os médicos não conseguem explicar porque é que uma pessoa desenvolve cancro e outra não. No entanto, a investigação demonstra que determinados factores de risco aumentam a probabilidade de uma pessoa vir a desenvolver cancro.

Globalmente, os factores de risco mais comuns,
para o cancro, são apresentados em seguida:

– Envelhecimento.
– Tabaco.
– Luz solar.
– Radiação ionizante.
– Determinados químicos e outras substâncias.
– Alguns vírus e bactérias.
– Determinadas hormonas.
– Álcool.
– Dieta pobre, falta de actividade física ou excesso de peso.

Muitos destes factores de risco podem ser evitados. Outros, como por exemplo a história familiar, não podem; como tal, é importante referir sempre ao médico quaisquer dados clínicos familiares relevantes que existam na família. Relativamente aos factores de risco conhecidos, que não sejam familiares (como a exposição excessiva à luz solar, o tabaco, o álcool, a dieta rica em gorduras, a falta de exercício físico, etc.) deve, sempre que possível, evitá-los.´Se pensa que pode apresentar risco aumentado para ter cancro, deverá discutir essa preocupação com o médico; poderá saber como reduzir o risco e qual será o calendário ideal para fazer exames regulares. Com o passar do tempo, vários factores podem agir conjuntamente, para fazer com que células normais se tornem cancerígenas. Quando se avalia o risco de ter cancro, devem sempre ser considerados esses factores:
– Nem tudo causa cancro.
– O cancro não é causado por uma ferida, um inchaço ou uma equimose.
– O cancro não é contagioso: ninguém ?apanha? cancro de outra pessoa.
– Estar infectado com um vírus ou bactéria poder aumentar o risco para alguns tipos de cancro.
– Se tiver um ou mais factores de risco, não quer dizer que venha a ter cancro; a maior parte das pessoas que têm factores de risco nunca irá desenvolver cancro.
– Algumas pessoas são mais sensíveis que outras, aos factores de risco conhecidos.

Em seguida, será apresentada informação mais detalhada sobre os factores de risco mais comuns para cancro.

Envelhecimento
O factor de risco mais importante para ter cancro é o envelhecimento. A maioria dos cancros ocorre em
pessoas com mais de 65 anos. No entanto, o cancro pode surgir em pessoas de todas as idades,
incluindo crianças.

Tabaco
O uso do tabaco é a causa de morte que mais se pode prevenir. Em Portugal, todos os anos morrem
cerca de 3100 pessoas com cancro do pulmão. Usar produtos de tabaco ou estar regularmente em
contacto com o fumo (fumador ambiental, passivo ou secundário), aumenta o risco de cancro. É mais
provável que os fumadores desenvolvam cancro dos pulmões, laringe, boca, esófago, bexiga, rins,
garganta, estômago, pâncreas ou colo do útero, do que os não fumadores. Também é mais provável que
desenvolvam leucemia mielóide aguda (tumor que tem início nas células do sangue). As pessoas que
usam tabaco sem fumo, como o tabaco para cheirar ou para mastigar, têm risco aumentado para cancro
da boca. Deixar de fumar é importante para qualquer pessoa que use tabaco, mesmo para pessoas que
fumaram durante muitos anos; o risco de ter cancro em pessoas que deixam de fumar é menor do que o
risco das pessoas que continuam a fumar; no entanto, o risco de ter cancro é, geralmente, mais baixo nas pessoas que nunca fumaram. Para pessoas que já tiveram cancro, deixar de fumar pode reduzir a
probabilidade de terem outro cancro. Se quiser deixar de fumar, consulte o seu médico; já existem
diversos medicamentos ou terapêuticas de substituição da nicotina, como um adesivo, uma pastilha
elástica, um rebuçado, um spray nasal ou um inalador.

Luz Solar
A radiação ultravioleta (UV) provém do sol, de lâmpadas solares e de câmaras de bronzeamento; provoca
envelhecimento precoce da pele e alterações que podem originar cancro de pele. Os médicos encorajam
as pessoas de todas as idades a limitar o tempo de exposição ao sol, bem como a evitar outras fontes de
radiação UV:
– Sempre que possível, evite o sol do meio-dia (meio da manhã até ao fim da tarde).
– Deve proteger-se da radiação UV reflectida pela areia, água, neve e gelo: as radiações UV ;atravessam
as roupas leves, os vidros do carro e as janelas. Use mangas compridas, calças, chapéu de aba larga e
óculos de sol com lentes que absorvam os raios UV.
– Use sempre protector solar, pois pode ajudar a prevenir o cancro de pele, especialmente se o protector
solar tiver um factor de protecção solar (SPF) igual ou superior a 15; ainda assim, o sol do meio-dia
deve ser evitado e deve usar roupas que protejam eficazmente a pele.
– Não utilize lâmpadas solares nem câmaras de bronzeamento (solários); ao contrário do que se possa
pensar, estas fontes de radiação não são mais seguras que a luz directa do sol.
– Proteja-se do sol.

Radiação Ionizante
A radiação ionizante pode causar danos na pele que levam à formação de tumores. Este tipo de radiação
provém de raios que entram na nossa atmosfera (terrestre), vindos do espaço exterior, poeiras
radioactivas, gás radão, raios-X, entre outras fontes. As poeiras radioactivas podem provir de acidentes de fábricas de energia nuclear ou da produção, teste ou uso de armas radioactivas. As pessoas expostas às poeiras radioactivas, apresentam um risco aumentado de ter cancro, especialmente leucemia e cancros da tiróide, mama, pulmão e estômago.
O radão é um gás radioactivo que não se vê, não se cheira e não tem sabor. Forma-se no solo e nas rochas. As pessoas que trabalham em minas podem estar expostas ao gás radão. Em algumas zonas do país, encontra-se radão. As pessoas expostas ao radão apresentam um risco aumentado para terem cancro do pulmão.
Alguns procedimentos médicos são uma fonte de radiação:
– Os médicos usam a radiação (raios-X de baixa dose) para fazer imagens do interior do nosso corpo (radiografias). Estas imagens ajudam a diagnosticar, por exemplo, ossos partidos, entre outros
problemas.
– Os médicos usam, também, a radioterapia para tratar o cancro (radiação de dose elevada, emitida por grandes máquinas ou por substâncias radioactivas). O risco de cancro, a partir de raios-X de baixa dose, é extremamente pequeno. O risco da radioterapia é ligeiramente maior. Para ambos, o benefício é quase sempre superior ao pequeno risco.
– Se pensa que está em risco de cancro, devido a radiações, deve falar com o médico.
– Fale com o médico ou dentista acerca da necessidade de fazer um raio-X; deverá, também, pedir que seja utilizada protecção nas partes do corpo que não necessitem de aparecer, em detalhe, na imagem.
– As pessoas com cancro devem falar com o médico, relativamente à possibilidade do tratamento com radiação (radioterapia) poder aumentar o risco de, mais tarde, ter um segundo cancro.

Determinação Químicos e Outras Substâncias
Pessoas com determinados empregos (pintores, trabalhadores da construção civil e da indústria química), apresentam um risco aumentado para desenvolver um tumor. Muitos estudos demonstraram que a exposição ao amianto, benzeno, cádmio, níquel ou cloreto de vinilo, no local de trabalho, podem causar cancro. Siga sempre as instruções e conselhos de segurança, para evitar ou reduzir o contacto com substâncias perigosas, tanto no emprego como em casa. Apesar de o risco ser maior para trabalhadores com anos de exposição, também em casa deverá ter cuidado, quando manipula pesticidas,óleo de motor usado, tinta, solventes e outros químicos.

Alguns Vírus e Bactérias
Estar infectado com determinados vírus e bactérias pode aumentar o risco de desenvolver alguns
tumores:
– Vírus do Papiloma humano (HPV):  a infecção por HPV é a principal causa de cancro do colo do útero;
pode, ainda, ser um factor de risco para outro tipo de tumores.
– Vírus da hepatite B e C:  o cancro do fígado pode desenvolver-se, muitos anos depois da infecção com
hepatite B ou hepatite C.
– Vírus dos linfomas T humanos (HTLV-1):  a infecção por HTLV -1 aumenta o risco de desenvolver
linfoma e leucemia.
– Vírus da imunodeficiência humana (HIV):  o HIV é o vírus que provoca a SIDA (síndrome da
imunodeficiência adquirida). As pessoas que estão infectadas com o HIV , têm maior risco de
desenvolver cancro: linfoma e um tipo de tumor raro, chamado Sarcoma de Kaposi .
– Vírus de Epstein-Barr (EBV):  a infecção com EBV tem sido associada a um risco aumentado de linfoma.
– Vírus do Herpes Humano 8 (HHV8):  este vírus é factor de risco para o Sarcoma de Kaposi .

– Helicobacter pylori:  esta bactéria pode causar úlceras no estômago; pode, ainda, causar cancro do
estômago e linfoma, no revestimento do estômago.

Não tenha relações sexuais sem protecção; não partilhe agulhas ou quaisquer objectos cortantes ou que
possam estar contaminados com sangue. Se não for prudente, pode apanhar uma infecção por HPV ou
por HIV , pode apanhar hepatite B ou hepatite C.
Poderá considerar fazer a vacina que previne a hepatite B. Os profissionais de saúde e todas as pessoas
que estejam em contacto com sangue de outras pessoas, devem pedir ao médico para fazer esta vacina.
Se pensa que pode estar em risco para infecção por HIV ou hepatite, peça ao médico para fazer o teste;
estas infecções podem não causar sintomas, mas as análises ao sangue detectam se o vírus está
presente. Se assim for, o médico poderá tratar a infecção. O médico pode, também, explicar como evitar
infectar outras pessoas.
Se tem problemas de estômago regulares, vá ao médico; a infecção por H. Pylori pode ser detectada e
tratada.

Determinadas Hormonas
Os médicos podem recomendar tratamento com hormonas (apenas estrogénio ou estrogénio com
progesterona), para ajudar a controlar alguns problemas que podem surgir durante a menopausa, como
afrontamentos, secura vaginal e enfraquecimento dos ossos. No entanto, alguns estudos demonstram
que a terapêutica hormonal, na menopausa, pode causar efeitos secundários graves: pode aumentar o
risco de cancro da mama, de enfarte do miocárdio, de acidente vascular cerebral ou formação de
trombos (pequenos coágulos de sangue que podem entupir veias ou artérias). Uma mulher que esteja a
pensar fazer terapêutica hormonal, na menopausa, deve discutir os possíveis riscos e benefícios com o
médico.

Álcool
Beber mais de duas bebidas alcoólicas por dia, durante muitos anos, pode aumentar a probabilidade de
desenvolver cancro da boca, da garganta, do esófago, da laringe, do fígado e da mama. O risco aumenta
com a quantidade de álcool que uma pessoa bebe. Na maioria destes cancros, o risco é mais elevado se
a pessoa também fumar. As pessoas que bebem, devem fazê-lo com moderação: significa não beber
mais do que uma bebida alcoólica por dia, nas mulheres e não mais que duas bebidas alcoólicas por dia,
nos homens.

Dieta Pobre, Falta de Actividade Física ou Excesso de
Peso

As pessoas que têm uma dieta pobre, que não praticam actividade física suficiente, ou que têm excesso
de peso, podem ter um risco aumentado para vários tipos de cancro. Por exemplo, alguns estudos
sugerem que as pessoas cuja dieta é rica em gorduras, têm um risco aumentado para cancro do cólon,
do útero e da próstata. Por outro lado, a falta de actividade física e o excesso de peso, são factores de
risco para cancro da mama, do cólon, do esófago, dos rins e do útero.
Faça uma dieta rica em frutas e vegetais.
Fazer uma dieta saudável, ser fisicamente activo e manter um peso adequado, pode ajudar a reduzir o
risco de desenvolver cancro. Para tal, o médico sugere:

– Coma bem:  uma dieta saudável inclui muitos alimentos ricos em fibra, vitaminas e minerais: inclui pão
e cereais integrais e 5 a 9 doses de fruta e vegetais, todos os dias. Uma dieta saudável significa,
também, limitar os alimentos ricos em gordura, como manteiga, leite gordo, fritos e carne vermelha
(vaca, porco).
– Seja activo e mantenha um peso adequado:  a actividade física pode ajudar a controlar o peso e a
reduzir a gordura corporal. A maioria dos investigadores concorda que um adulto deve fazer actividade
física moderada, tal como andar energicamente, durante pelo menos 30 minutos, em 5 ou mais dias da
semana. 

NUTRIÇÃO E ACTIVIDADE FÍSICA

Cancro e Actividade Física
É importante que uma pessoa com cancro tenha cuidados adicionais no seu dia-a-dia, nomeadamente
fazer uma alimentação saudável e equilibrada, praticar exercício físico (desde que não haja contra-
indicação médica) e, dentro do possível, manter as actividades diárias.
Quanto à alimentação, o organismo precisa de calorias suficientes para manter um peso adequado, bem
como proteínas, para manter a força; comer bem pode ajudar a sentir-se melhor e a ter mais energia.
A atividade física é uma parte importante de uma vida saudável, independentemente da idade. Qualquer
que seja o momento em que se inicia a atividade física, ela melhora sempre a saúde. Mesmo pessoas
que iniciaram a prática de alguma atividade física mais tarde na sua vida parecem ter muitos dos
benefícios para a saúde que as pessoas que sempre foram fisicamente ativas.
Ser mais fisicamente ativo do que o habitual, independentemente do nível de atividade, pode ter, assim,
benefícios significativos para a saúde.
Atualmente não existe qualquer dúvida de que o excesso de gordura corporal, consumir muitas calorias
e a falta de exercício físico estão associados a um risco aumentado de desenvolver muitos tipos de
cancro, incluindo o cancro do esófago, colo-rectal, mama, útero e rim.
Aproximadamente 1/3 de todas as mortes por cancro estão relacionadas com a dieta e atividade física.
Por exemplo, o excesso de peso, obesidade e a inatividade física, conjuntamente, são responsáveis por
cerca de 159 mil mortes por cancro colo-retal todos os anos e por cerca de 88 mil mortes por cancro da
mama. Os estudos têm evidenciado, a este respeito, que 26% das mortes por cancro colo-retal e 19%
das mortes por cancro da mama são atribuídas a um aumento excessivo de peso e à inatividade física.
Ser fisicamente ativo pode ajudar a reduzir o risco de cancro, ao ajudar a controlar o peso. Este aspeto é
importante na medida em que ter peso excessivo ou ser obeso conduz normalmente o organismo a
produzir e a fazer circular mais estrogénios e insulina, hormonas estas que podem estimular o
crescimento do cancro. Por sua vez, a atividade física pode ajudar também a melhorar os níveis
hormonais e o modo como funciona o sistema imunológico.
As recomendações a respeito da prática de exercício físico apontam para a importância de realizar uma
atividade física de intensidade moderada pelo menos cerca de 150 minutos por semana ou 75 minutos
se a atividade for mais intensa. Para as crianças, as recomendações são de pelo menos 60 minutos de
atividade física moderada ou mais vigorosa, todos os dias, devendo as atividades mais intensas ocorrer
pelo menos 3 vezes por semana.

Importa ainda evitar o comportamento sedentário, tal como passar muito tempo sentado, deitado ou a
ver televisão, por exemplo.
O exercício físico não só é importante para reduzir o risco de desenvolver cancro, como também poderá
ter benefícios para as pessoas que se encontram a receber tratamentos para esta doença ou que são
sobreviventes. A este respeito, os estudos realizados sugerem fortemente que a prática de exercício
físico não só é segura durante os tratamentos para o cancro, como também pode melhorar o
funcionamento físico e muitos aspetos da qualidade de vida. Tem sido demonstrado que um exercício
físico moderado melhora a fadiga, ansiedade e a auto-estima, como também tem benefícios para a força
muscular e composição corporal. Por sua vez, pode ajudar a diminuir o risco de recidiva da doença e a
aumentar a sobrevida.

Nutrição: Seja Activo na Prevenção Diária do Cancro
 Faça uma alimentação saudável
 1/3 das mortes por cancro é atribuído a hábitos alimentares errados e à inactividade física.
 75 a 80% da maior parte dos cancros são causados por factores associados ao estilo de vida.
 30% dos cancros estão directa ou indirectamente relacionados com a nutrição.
 40% dos cancros podem ser evitados com mudanças no estilo de vida.

Factores de risco alimentares
 gordura saturada: carnes vermelhas, enchidos.
 excesso de calorias e açúcares – obesidade.
 alimentos tostados.
 excesso de bebidas alcoólicas.
 muito sal.

Recomendações para a prevenção

Alimentos que ajudam a prevenir o cancro, ajudam a remover substâncias cancerígenas e podem inibir o
crescimento de células malignas. Alimentos diferentes podem combater o cancro de maneira diferente,
por isso a alimentação deve ser: variada e equilibrada.
 limite o consumo de gorduras saturadas e de alimentos ricos em açúcares e sal.reduza o consumo de
carnes vermelhas – prefira as carnes brancas (aves, coelho) e o peixe. Os peixes gordos (sardinha,
cavala, salmão) são fontes de ómega-3, que protegem contra o cancro.
 não coma alimentos pré-confeccionados – contém muito sal. Utilize ervas aromáticas e especiarias para
temperar os seus pratos.
 não reutilize as gorduras – use pouca gordura na confecção de alimentos e prefira azeite.
 aumente os produtos hortícolas e fruta nas suas refeições – as hortaliças de cor verde escura
(espinafres, couves, brócolos) contém sulfurafanos, além de fibra.
 inclua leguminosas na sua alimentação – os legumes de cor vermelha e roxa (tomate, beringela,
beterraba) são ricos em licopeno (potente antioxidante). Contém também fibras, vitaminas e minerais.
 consuma cereais integrais – pelo seu alto teor em fibra.

 tenha especial atenção à preparação dos alimentos – não consuma alimentos total ou parcialmente
carbonizados. Prefira cebola e alho para temperar.
 modere o consumo de bebidas alcoólicas – o consumo excessivo de álcool aumenta o risco de
desenvolvimento de cancro. Prefira água.
 leia os rótulos dos alimentos.
 combata a obesidade.
 pratique actividade física regular.

Por vezes, durante ou logo após o tratamento, pode não sentir vontade de comer. Pode sentir-se
desconfortável ou cansado, pode achar que a comida não lhe sabe tão bem como de costume.
Adicionalmente, os efeitos secundários do tratamento, como a falta de apetite, náuseas, vómitos ou
feridas na boca, podem ser um problema. O médico, o nutricionista, ou outro profissional de saúde,
podem dar-lhe sugestões para uma boa alimentação.
Regra geral, as pessoas sentem-se melhor quando permanecem activas: andar, nadar, fazer yoga, bem
como outro tipo de actividades, podem ajudar a manter a força e a aumentar a energia. O exercício
pode, ainda, ajudar a reduzir as náuseas e a dor, tornando mais fácil lidar com o tratamento e pode
aliviar o stress . Qualquer que seja a actividade física escolhida, deve falar com o médico antes de a
iniciar. Do mesmo modo, se essa actividade lhe causar dor ou outro tipo de problemas, não deixe de
falar nisso ao médico.

GENÉTICA

História Familiar de Cancro
A maioria dos cancros desenvolve-se devido a alterações (mutações) nos genes. Uma célula normal pode
tornar-se numa célula cancerígena, após ocorrerem uma série de alterações genéticas. O tabaco, alguns
vírus, ou outros factores relacionados com o estilo de vida das pessoas ou com o ambiente, podem
originar essas alterações em determinados tipos de células.
Algumas alterações genéticas, que aumentam o risco de cancro, passam de pais para filhos. Na altura do
nascimento, estas alterações estão presentes em todas as células do organismo.
O cancro familiar é raro. No entanto, alguns tipos de cancro ocorrem mais frequentemente em algumas
famílias do que no resto da população. Por exemplo, o melanoma e o cancro da mama, ovário, próstata,
e cólon são, por vezes, de origem "familiar"; vários casos do mesmo tipo de tumor, numa família, podem
estar ligados a alterações genéticas herdadas, que podem aumentar a probabilidade de desenvolver
cancro. No entanto, factores ambientais podem, também, estar envolvidos. Na maioria das vezes, os
casos de múltiplos tumores na mesma família, são apenas coincidência.
Se acha que tem um padrão para determinado tipo de cancro na sua família, deverá informar o médico;
assim, o médico poderá tentar reduzir o seu risco de cancro e poderá sugerir exames que permitam
detectar o tumor precocemente.
Se tem, ou pensa ter história familiar de cancro, deve questionar o médico acerca dos testes genéticos;
só assim podem ser investigadas certas alterações genéticas hereditárias, que aumentam a
probabilidade de desenvolver cancro. No entanto, herdar uma alteração genética não significa,

necessariamente, que vai desenvolver cancro: significa que tem maior probabilidade de desenvolver a
doença

DETECÇÃO

Alguns tipos de cancro podem ser detectados antes de causarem problemas. Fazer exames para despiste
do cancro, ou de alguma condição que possa levar a cancro, em pessoas que não têm sintomas, chama-
se rastreio.
O rastreio pode ajudar o médico a encontrar e tratar, precocemente, alguns tipos de tumores.
Geralmente, o tratamento para o cancro é mais eficaz quando a doença é detectada cedo, ou seja, ainda
em fase precoce.
Os exames de rastreio são muito usados para despistar o cancro da mama, do colo do útero, do cólon e
do recto:
 Mama:  a mamografia é a melhor forma para detectar o tumor em estadio inicial. A mamografia é uma
imagem da mama, feita com raios-X. É recomendável que as mulheres, a partir dos 40 anos, façam uma
mamografia anual ou de 2 em 2 anos; mulheres que tenham risco aumentado para ter cancro da
mama, devem falar com o médico para saber qual a frequência com que devem fazer a mamografia. A
partir dos 45 anos e em localidades já cobertas pelo Programa de Rastreio de Cancro da Mama, as
mulheres devem integrar o Programa de Rastreio e repetir a mamografia de 2 em 2 anos;
 Colo do útero:  o teste dePapanicolau, também chamado de esfregaço do colo do útero ou do cérvix, é
usado para observar as células do colo do útero. Num laboratório é, então, feito o rastreio de células
cancerígenas ou de alterações que possam levar a cancro, incluindo alterações causadas pelo papiloma
vírus humano (factor de risco mais importante para cancro do colo do útero). O Papteste deverá ser
repetido, pelo menos, uma vez de 3 em 3 anos.
 Cólon e recto:  são usados vários testes de rastreio para detectar polipos (massas), tumores, ou outras
alterações no cólon e no recto. A partir dos 50 anos, deverá ser feito o despiste do cancro do cólon e
recto. Se tiver risco aumentado de ter cancro do cólon e recto, deve falar com o médico, para saber
qual a frequência com que deve fazer os exames de rastreio.
1. Sangue oculto nas fezes: por vezes, o tumor ou os polipos sangram. Esta análise permite detectar
pequenas quantidades de sangue nas fezes.
2. Sigmoidoscopia: recorrendo a um tubo flexível com luz e com uma câmara na extremidade, chamado
sigmoidoscópio, o médico observa as paredes interiores do recto e a parte baixa do cólon; permite
fazer biópsias e, regra geral, os polipos podem ser removidos através deste tubo.
3. Colonoscopia: usando um tubo longo flexível iluminado, chamado colonoscópio, cuja luz se transmite
até à ponta distal do aparelho, e onde existe um sistema de câmara que capta a imagem e envia para
um monitor, o médico pode observar internamente o recto e todo o cólon (direito e esquerdo). Permite
fazer biópsias e, regra geral, os polipos podem ser removidos através deste tubo.
4. Clister opaco de duplo-contraste: este exame radiológico é efectuado por injecção de uma solução de
bário, através do recto; em seguida, é bombeado ar para dentro do recto: o bário e o ar melhoram as
imagens de raios-X do cólon e do recto.
5. Toque rectal: um exame rectal faz, geralmente, parte de um exame físico de rotina. O médico, depois
de calçar umas luvas, insere um dedo lubrificado no recto; este exame permite detectar se há dor,
sangue ou alterações no ânus (parte distal do recto) – só permite examinar a parte inferior do recto.

Adicionalmente, poderá ter ouvido falar de outros exames, utilizados para excluir a possibilidade de ter
cancro noutras partes do corpo. Nesta altura, não se sabe se o rastreio de rotina com esses testes é,
realmente, eficaz e se permite salvar vidas. No entanto, a investigação continua, para se saber mais
acerca do rastreio dos cancros da mama, do colo do útero, do cólon, do pulmão, dos ovários, da próstata
e da pele.
O médico, antes de sugerir um exame de rastreio, considera diversos factores, relacionados com o teste
e com o tumor que esse teste pode detectar. É, ainda, dada especial atenção ao risco pessoal para
desenvolver certos tipos de tumores. Exemplo de factores a considerar: idade, história clínica, saúde
geral, história familiar e estilo de vida. O médico deve, ainda, ter em conta a precisão do teste, os
possíveis efeitos nocivos do próprio teste, o risco dos exames clínicos de seguimento ou da cirurgia que
a pessoa possa ter que fazer, para verificar se o resultado anómalo de um teste significa a presença de
um tumor. São, ainda, considerados os riscos e benefícios do tratamento, caso os testes detectem um
tumor e ainda se o tratamento é eficaz naquela situação e quais os efeitos secundários que origina.
Deve falar com o médico acerca dos possíveis benefícios e riscos de fazer o despiste de qualquer tipo de
cancro. A decisão de fazer o rastreio, bem como outras decisões médicas, é pessoal; só deverá decidir
depois de se ter informado acerca dos prós e contras do rastreio.
Relativamente ao rastreio, poderá colocar algumas questões ao médico:
 Que exames são recomendados na minha situação?
 Quanto custam os exames médicos? Será que o meu seguro médico vai comparticipar os exames de
rastreio?
 Os exames vão doer? Existem riscos?
 Quanto tempo depois de fazer os exames saberei os resultados?
 Se os resultados apresentarem um problema, como é que o médico vai saber se eu tenho cancro?

SINTOMAS

O cancro pode provocar muitos sintomas diferentes, como por exemplo:
 Espessamento, massa ou "uma elevação" na mama, ou em qualquer outra parte do corpo.
 Aparecimento de um sinal novo, ou alteração num sinal já existente. Ferida que não passa, ou seja,
cuja cicatrização não acontece.
 Rouquidão ou tosse que não desaparece.
 Alterações relevantes na rotina intestinal ou da bexiga.
 Desconforto depois de comer.
 Dificuldade em engolir.
 Ganho, ou perda de peso, sem motivo aparente.
 Sangramento ou qualquer secreção anormal.
 Sensação de fraqueza ou extremo cansaço.
Na maioria das vezes, estes sintomas não estão relacionados com um cancro, e podem, ainda, ser
provocados por tumores benignos ou outros problemas. Só o médico poderá confirmar.
Qualquer pessoa com estes sintomas, ou quaisquer outras alterações de saúde relevantes, deve
consultar o médico, para diagnosticar e tratar o problema tão cedo quanto possível. Geralmente, as

fases iniciais do cancro não causam dor. Se tem estes sintomas, não espere até ter dor, para consultar o
médico.

DIAGNÓSTICO

Formas de Diagnóstico Do Cancro
Se tem um sintoma específico, ou o resultado de algum exame de rastreio sugere a existência de um
tumor, é preciso o médico verificar se é devido a um cancro ou a qualquer outro motivo. O médico irá
fazer algumas perguntas relacionadas com a história clínica e familiar, bem como fazer um exame físico.
Pode, ainda, pedir análises, raios-x ou outros exames.
Testes Laboratoriais (Análises Clínicas)
As análises do sangue, urina e outros fluidos, podem ajudar o médico a fazer o diagnóstico; permitem
demonstrar como é que um órgão como, por exemplo, o rim, está a desempenhar a sua função.
Quantidades elevadas de determinadas substâncias detectadas nas análises, podem ser sinal de cancro.
Estas substâncias são, muitas vezes, marcadores tumorais. No entanto, resultados laboratoriais
anómalos não são um sinal seguro da presença de um tumor. O médico, para estabelecer o diagnóstico
de cancro, não pode confiar apenas nos resultados das análises clínicas.
Procedimentos para Obter Imagens
Estes procedimentos permitem criar imagens de determinadas áreas do corpo, que ajudam o médico a
detectar se há um tumor. Estas imagens podem ser obtidas de diversas maneiras:
 Radiografia (raios-x): correspondem ao modo mais comum de ver órgãos e ossos, dentro do corpo.
 TAC (tomografia computorizada): é um método de diagnóstico de imagem que utiliza radiação (raio-X);
através do computador, permite uma visualização mais detalhada dos órgãos internos do nosso corpo.
Pode, adicionalmente, ser-lhe administrado um contraste (como um corante), para tornar estas
imagens mais fáceis de ler.
 Estudo com radioisótopos: é injectada uma pequena quantidade de substância radioactiva, que entra
na corrente sanguínea e deposita-se em determinados ossos ou órgãos. Através de um aparelho
chamado scanner , a radioactividade é detectada e medida. O scanner cria a imagem desses ossos e
órgãos num ecrã de computador ou num filme. O nosso organismo elimina rapidamente a substância
radioactiva.
 Ultra-sons (ecografia): é um meio de diagnóstico que utiliza ondas sonoras de alta frequência (ultra-
sons) para produzir imagens dos órgãos existentes no interior do corpo.
 RM (ressonância magnética): através de grande íman, ligado a um computador, são criadas imagens
detalhadas de determinadas zonas do corpo. O médico pode, depois, ver essas imagens num monitor e
imprimi-las em filme.
 Estudo por PET (tomografia por emissão de positrões): é injectada uma pequena quantidade de
material radioactivo. Uma máquina cria imagens, que mostram a actividade química no organismo. As
células cancerígenas aparecem, regra geral, como zonas de elevada actividade.
Biópsia
Na maioria dos casos, os médicos precisam de fazer uma biópsia, para diagnosticar um cancro. Para
fazer uma biópsia, o médico remove uma amostra de tecido e envia-a para um laboratório. Um
patologista examina, então, o tecido ao microscópio. A amostra pode ser colhida de várias maneiras:

 Com agulha: o médico usa uma agulha, para retirar tecido ou líquido.
 Com endoscópio: o médico usa um tubo fino e iluminado (endoscópio) para ver zonas dentro do
organismo; através deste tubo, o médico pode remover tecido ou células.
 Com cirurgia: a cirurgia pode ser excisional ou incisional:
 Numa biópsia excisional, o cirurgião remove todo o tumor; por vezes, também é removido algum
tecido normal que rodeia o tumor ("margens").
 Numa biópsia incisional, o cirurgião remove apenas parte do tumor.
 Antes da biópsia, poderá colocar algumas questões ao médico:
 Onde irei fazer a biópsia?
 Quanto tempo demorará? Estarei acordada? Vai doer?
 Existem riscos? Quais são as probabilidades de haver infecção ou perda de sangue, após o
procedimento?
 Quando saberei os resultados?
 Se eu tiver cancro, quem falará comigo acerca dos passos seguintes? Quando?
Estadiamento
Para poder planear melhor o tratamento do cancro, o médico precisa de saber a extensão (estadio) da
doença. Na maioria dos cancros, como o cancro da mama, pulmão, próstata ou cancro do cólon, o
estadio baseia-se no tamanho do tumor, na disseminação (metastização) do tumor para os gânglios
linfáticos e na sua metastização para outras partes do corpo (metastização à distância). O médico pode
pedir radiografias ou outros exames de imagens, para perceber a extensão da doença.

TRATAMENTO
O Tratamento do Cancro

Muitas pessoas com cancro, querem saber toda a informação possível sobre a sua doença e métodos de
tratamento; querem participar nas decisões relativas ao seu estado de saúde e cuidados médicos de que
necessitam. Saber mais acerca da doença, ajuda a colaborar e reagir positivamente.
O choque e o stress que se seguem a um diagnóstico de cancro, podem tornar difícil pensar em todas as
perguntas e dúvidas que quer esclarecer com o médico. Muitas vezes, é útil elaborar, antes da consulta,
uma lista das perguntas a colocar ao médico.
O médico pode aconselhar a consulta com um médico especialista. O cancro pode ser tratado por
diferentes especialistas, como sejam: cirurgião, oncologista, ginecologista, pneumologista, medicina
interna, radioterapeuta. Pode ter um médico especialista diferente, para cada tipo de tratamento que vá
fazer.
O tratamento começa, geralmente, poucas semanas após o diagnóstico de cancro. Regra geral, tem
tempo para falar com o médico sobre as opções de tratamento e, se considerar necessário, ouvir uma
segunda opinião, para saber mais acerca do seu cancro, antes de tomar qualquer decisão sobre o tratamento.
Ouvir uma Segunda Opinião
Antes de começar o tratamento, pode querer ouvir uma segunda opinião, sobre o diagnóstico e das
opções de tratamento. Poderá precisar de algum tempo e esforço adicional, para juntar todos os registos
médicos (exames imagiológicos, lâminas da biópsia, relatório patológico e plano de tratamentos

proposto) e marcar uma consulta com outro médico. Em geral, mesmo que demore algumas semanas,
até ouvir uma segunda opinião, o tratamento não se torna menos eficaz. No entanto, há situações em
que é necessário fazer tratamento imediato; é importante referir este possível atraso ao médico.
Nos centros de oncologia, trabalham, muitas vezes, vários médicos de especialidades diferentes juntos,
formando uma equipa multidisciplinar.

MÉTODOS DE TRATAMENTO

Métodos de tratamento do cancro disponíveis
O plano de tratamento depende, essencialmente, do estadio da doença e do tipo de tratamento a
efectuar e do estadio da doença.
O médico tem, ainda, em consideração a idade do doente e o seu estado geral de saúde.
Frequentemente, o objectivo do tratamento é curar a pessoa do cancro. Noutros casos, o objectivo é
controlar a doença ou reduzir os sintomas, durante o maior período de tempo possível. O plano de
tratamentos pode ser alterado ao longo do tempo.
A maioria dos planos de tratamento inclui cirurgia, radioterapia ou quimioterapia. Alguns envolvem
terapêutica hormonal ou biológica. Adicionalmente, pode ser usado o transplante de células estaminais
(indiferenciadas), para que o doente possa receber doses muito elevadas de quimioterapia ou
radioterapia.
Alguns cancros respondem melhor a um só tipo de tratamento, enquanto outros podem responder
melhor a uma associação de medicamentos ou modalidades de tratamento.
Os tratamentos podem actuar essencialmente numa área específica – terapêutica local -, ou em todo o
corpo: terapêutica sistémica.
A terapêutica local remove, ou destrói, as células do tumor, apenas numa parte específica do corpo. A
cirurgia e a radioterapia são tratamentos locais.
A terapêutica sistémica entra na corrente sanguínea e destrói, ou controla, o cancro, em todo o corpo:
mata ou, pelo menos desacelera, o crescimento das células cancerígenas que possam ter metastizado,
para além do tumor original. A quimioterapia, a terapêutica hormonal e a terapêutica biológica
(imunoterapia) são tratamentos sistémicos.
O médico é a pessoa indicada para lhe dar toda a informação relacionada com a escolha dos
tratamentos, possíveis efeitos secundários e resultados esperados (com o tratamento). Cada pessoa
deverá desenvolver, com o médico, um plano de tratamento que seja compatível, dentro do possível,
com as necessidades, valores pessoais e estilo de vida dessa pessoa.
Tendo em conta que, provavelmente, o tratamento do cancro danifica células e tecidos saudáveis
surgem, assim, os efeitos secundários. Alguns efeitos secundários específicos dependem,
principalmente, do tipo de tratamento e sua extensão (se são tratamentos locais ou sistémicos). Os
efeitos secundários podem não ser os mesmos em todas as pessoas, mesmo que estejam a fazer o
mesmo tratamento. Por outro lado, os efeitos secundários sentidos numa sessão de tratamento podem
mudar na sessão seguinte. O médico irá explicar os possíveis efeitos secundários do tratamento e qual a
melhor forma de os controlar.
Adicionalmente, em qualquer estadio da doença, podem ser administrados medicamentos para controlar
a dor e outros sintomas do cancro, bem como para aliviar os possíveis efeitos secundários do

tratamento. Estes tratamentos são designados como tratamentos de suporte, para controlo dos sintomas
ou cuidados paliativos.
Quando se fala em cuidados paliativos, estamos a pressupor uma resposta activa aos problemas
decorrentes da doença prolongada, incurável e progressiva, na tentativa de prevenir o sofrimento que a
doença gera. Adicionalmente, deve proporcionar-se a máxima qualidade de vida possível, a estes
doentes e suas famílias. São cuidados de saúde activos e rigorosos, que combinam ciência e humanismo
– site da Associação Nacional de Cuidados Paliativos.
Poderá, ainda, querer falar com o médico sobre a possibilidade de participar num ensaio clínico, ou seja,
num estudo de investigação de novos métodos de tratamento. No tópico "Investigação Sobre o Cancro”,
poderá encontrar mais informação sobre os ensaios clínicos actualmente a decorrer.
Antes de iniciar o tratamento, pode querer colocar algumas questões ao médico:
 Qual é o meu diagnóstico?
 O tumor propagou-se? Se sim, para onde? Qual é o estadio da doença?
 Qual é o objectivo do tratamento? Quais são as minhas alternativas de tratamento? Qual é o
tratamento recomendado na minha situação? Porquê?
 Quais são os benefícios que se esperam de cada tipo de tratamento?
 Quais são os riscos e os possíveis efeitos secundários de cada tratamento? Como podem ser
controlados os efeitos secundários?
 A infertilidade pode ser um dos efeitos secundários do meu tratamento? Pode ser feita alguma coisa
acerca disso? Deverei considerar armazenar espermatozóides ou óvulos?
 O que posso fazer para preparar o tratamento?
 Com que frequência farei os tratamentos? Quanto tempo durará o meu tratamento?
 Terei de alterar as minhas actividades normais? Se assim for, durante quanto tempo terei de o fazer?
 Quanto custará o tratamento? O meu seguro cobrirá as despesas?
 Que novos tratamentos estão a ser estudados? Seria adequado participar num ensaio clínico?

Cirurgia
Na maioria dos casos, o cirurgião remove o tumor e algum tecido em volta ("margens"). A remoção de
tecido circundante, que esteja livre de células tumorais, pode ajudar a prevenir que o tumor volte a
crescer. O cirurgião pode, também, remover alguns gânglios linfáticos localizados na região do tumor:
gânglios linfáticos regionais.
Os efeitos secundários da cirurgia dependem, essencialmente, do tamanho e localização do tumor, bem
como do tipo de operação. O tempo necessário para a recuperação é diferente, de pessoa para pessoa. É
normal sentir-se cansado ou fraco, durante algum tempo.
A maioria das pessoas sente algum desconforto, nos dias seguintes à cirurgia. No entanto, já há formas
de controlar a dor. Antes da cirurgia, deverá perguntar ao médico qual a melhor forma de aliviar a dor. A
medicação para a dor (ex.: analgésicos), pode ser ajustada.
Algumas pessoas têm receio que a cirurgia, ou mesmo a biópsia ao tumor, possa ajudar a metastizar a
doença. É pouco provável que esta situação ocorra. O cirurgião usa métodos que não deverão "permitir"
que as células cancerígenas se disseminem, ou seja, que metastizem.

Radioterapia
A radioterapia usa raios de elevada energia, para matar as células cancerígenas. O médico usa vários
tipos de radioterapia.
Em determinadas situações, pode ser administrada uma combinação de diferentes tratamentos com
radioterapia:

 Radiação externa: a radiação provém de uma máquina emissora. Para este tratamento, a maioria das
pessoas vai ao hospital ou clínica. Geralmente, os tratamentos são realizados durante 5 dias por
semana, durante várias semanas.
 Radiação interna (radiação por implante ou braquiterapia): a radiação provém de material radioactivo
contido em sementes, agulhas ou finos tubos de plástico, e que são colocados directamente no local
do tumor ou perto. Para fazer radiação por implante, o doente fica, regra geral, internado no hospital.
Os implantes permanecem no local durante vários dias; são retirados antes de ir para casa.
 Radiação sistémica: a radiação provém de um líquido, ou de cápsulas, contendo material radioactivo,
que circula em todo o organismo. A pessoa engole o líquido, ou as cápsulas ou, em alternativa, é-lhe
administrada uma injecção. Este tipo de radiação, pode ser usada para tratar o tumor ou, por outro
lado, para controlar a dor provocada pela metastização do cancro, por exemplo para os ossos.
Actualmente, só alguns tipos de cancro são tratados desta forma.
Os efeitos secundários da radioterapia dependem, essencialmente, da dose e do tipo de radiação, bem
como da parte do corpo que vá ser tratada. Por exemplo, se a radiação incidir no abdómen, pode
provocar náuseas, vómitos e diarreia. A pele, na área tratada, pode tornar-se vermelha, seca e sensível.
Poderá, também, perder o cabelo e/ou pêlos da zona tratada.
Durante a radioterapia, poderá sentir-se muito cansado, particularmente nas últimas semanas de
tratamento. O descanso é importante, mas, geralmente, o médico aconselha as pessoas a manterem-se
activas, dentro do possível.
Os efeitos da radioterapia, na pele, são temporários, e a zona irá sarar, gradualmente, assim que termine
o tratamento. Pode, no entanto, haver uma alteração duradoura na cor da pele. Se tiver um efeito
secundário particularmente grave, poder-lhe-á ser sugerida uma interrupção do tratamento.

 

Quimioterapia

A quimioterapia consiste na utilização de fármacos, para matar as células cancerígenas. A quimioterapia
pode ser constituída apenas por um fármaco, ou por uma associação de fármacos. Os fármacos podem
ser administrados oralmente, sob a forma de comprimidos, ou através de uma injecção intravenosa (i.v.),
na veia. Em qualquer das situações, os fármacos entram na corrente sanguínea e circulam por todo o
organismo – terapêutica sistémica.
A quimioterapia é, geralmente, administrada por ciclos de tratamento, repetidos de acordo com uma regularidade específica, de situação para situação. O tratamento pode ser feito durante um ou mais dias;
existe, depois, um período de descanso, para recuperação, que pode ser de vários dias ou mesmo
semanas, antes de fazer a próxima sessão de tratamento.
A maioria das pessoas com cancro faz a quimioterapia em regime de ambulatório (no hospital, no
consultório do médico ou em casa), ou seja, não ficam internadas no hospital. No entanto, algumas
pessoas podem precisar de ficar no hospital, internadas, enquanto fazem a quimioterapia.
A quimioterapia afecta tanto as células normais como as cancerígenas.
Os efeitos secundários da quimioterapia dependem, principalmente, dos fármacos e doses utilizadas. Em geral, os fármacos anti-cancerígenos afectam, essencialmente, células que se dividem rapidamente,
como sejam:
 Células do sangue: estas células ajudam a combater as infecções, ajudam o sangue a coagular e
transportam oxigénio a todas as partes do organismo. Quando as células do sangue são afectadas,
havendo diminuição do seu número total em circulação, a pessoa poderá ter maior probabilidade de
sofrer infecções, de fazer nódoas-negras (hematomas) ou sangrar facilmente, podendo, ainda, sentir-
se mais fraca e cansada.

 Células dos cabelos/pêlos: a quimioterapia pode provocar a queda do cabelo e pêlos do corpo; no
entanto, este efeito é reversível e o cabelo volta a crescer, embora o cabelo novo possa apresentar cor
e textura diferentes.
 Células do aparelho digestivo: a quimioterapia pode causar falta de apetite, náuseas e vómitos, diarreia
e feridas na boca e/ou lábios; muitos destes efeitos secundários podem ser controlados com a
administração de medicamentos específicos.
Alguns fármacos anti-cancerígenos podem, ainda, afectar a fertilidade feminina e masculina.
No caso das mulheres, se os ovários deixarem de produzir hormonas como, por exemplo, os estrogénios,
poderá apresentar sintomas de menopausa: afrontamentos e secura vaginal. Os períodos menstruais
podem tornar-se irregulares ou mesmo parar podendo, ainda, ficar infértil, ou seja, incapaz de
engravidar. Se tiver idade igual ou superior a 35 anos, é provável que a infertilidade seja permanente;
por outro lado, se permanecer fértil durante a quimioterapia, a gravidez é possível.
Como não são conhecidos os efeitos secundários da quimioterapia no feto, antes de iniciar o tratamento
deverá sempre falar com o médico, relativamente à utilização de métodos contraceptivos eficazes.
Os efeitos secundários de longa duração, ou seja, sentidos a longo prazo, são raros; ainda assim,
verificaram-se casos em que o coração se torna mais fraco. Em pessoas que receberam quimioterapia
existe, também, a possibilidade de surgirem cancros secundários, como a leucemia, ou seja, um cancro
nas células do sangue.

 

Terapêutica Hormonal

A terapêutica hormonal impede que as células cancerígenas tenham acesso às hormonas naturais do
nosso organismo, das quais necessitam para se desenvolverem. Se os testes laboratoriais demonstrarem
que o cancro tem receptores hormonais, ou seja, que é ;positivo para os receptores hormonais a pessoa
poderá receber terapêutica hormonal. Tal como a quimioterapia, a terapêutica hormonal também pode
afectar as células de todo o organismo, pois tem actividade sistémica.
Na terapêutica hormonal são utilizados medicamentos; por outro lado, pode obter-se o mesmo efeito
recorrendo a uma cirurgia:
 Medicamento: o médico pode sugerir um medicamento que bloqueie a hormona natural do organismo,
parando a sua produção ou impedindo que actue.
 Cirurgia: se ainda não estiver na menopausa, poderá fazer uma cirurgia, para remoção do órgão
produtor, como os ovários ou testículos.
Os efeitos secundários da terapêutica hormonal dependem, principalmente, do próprio fármaco ou do
tipo de tratamento. Estes efeitos podem incluir aumento de peso, afrontamentos, náuseas e alterações
da fertilidade. Nas mulheres, a terapêutica hormonal pode provocar paragem dos períodos menstruais
ou torná-los irregulares e pode provocar efeitos semelhantes à menopausa, com afrontamentos e
possível corrimento vaginal. Algumas mulheres podem, ainda, sentir dor de cabeça, fadiga, náuseas e/ou
vómitos, secura vaginal ou comichão, irritação da pele em volta da vagina e erupção cutânea. Nos homens, a terapêutica hormonal pode causar impotência, perda do desejo sexual e crescimento ou
sensibilidade das mamas.

Imunoterapia

A imunoterapia, também chamada terapêutica biológica, utiliza a capacidade natural do nosso
organismo para combater o cancro, através do sistema imunitário (o sistema de defesa natural do
organismo). Por exemplo, em alguns doentes com cancro da bexiga, é administrada uma solução de
BCG, depois da cirurgia; o médico coloca esta solução na bexiga, usando um cateter. A solução contém
bactérias vivas enfraquecidas que estimulam o sistema imunitário para matar as células cancerígenas.

No entanto, a BCG pode causar efeitos secundários: pode irritar a bexiga e, algumas pessoas, podem
sentir náuseas, febre baixa ou arrepios.
A maioria dos tratamentos com imunoterapia, são administrados por via endovenosa: a terapêutica
biológica circula através da corrente sanguínea, ou seja, de forma sistémica; normalmente, é
administrada no consultório médico, na clínica ou no hospital, em regime ambulatório (sem necessidade
de haver internamento).
Algumas pessoas desenvolvem uma erupção cutânea, no local da injecção; podem, ainda, apresentar
sintomas do tipo gripal, como febre, arrepios, dor de cabeça, dor muscular, cansaço, fraqueza e náuseas.
A terapêutica biológica pode, no entanto, causar efeitos secundários mais graves, como alterações da
tensão arterial, problemas respiratórios e, por vezes, problemas cardíacos.
Transplante de células estaminais (indiferenciadas)
O transplante de células percursoras das células do sangue, ou seja, de células do sangue ainda
imaturas e indiferenciadas, permite que a pessoa com cancro receba altas doses de quimioterapia,
radiação ou ambas. Estas doses elevadas, destroem tanto as células cancerígenas como as células
normais do sangue, da medula óssea. Depois do tratamento, o doente recebe células percursoras das
células do sangue saudáveis, através de um tubo flexível, colocado numa veia grande: novas células do
sangue vão desenvolver-se a partir das células estaminais transplantadas. As células estaminais podem
ser colhidas do próprio doente, antes do tratamento com altas doses, ou podem provir de outra pessoa.
Neste caso, a pessoa é internada no hospital, para fazer o tratamento.
Os efeitos secundários da terapêutica com altas doses, bem como o transplante de células estaminais,
incluem infecções e perda de sangue. Adicionalmente, em pessoas que recebam células estaminais de
um dador, pode haver rejeição, chamando-se "doença do enxerto versus o hospedeiro" ( GVHD ). Nesta
situação, as células estaminais doadas "atacam" os tecidos da pessoa que as recebe. Geralmente, esta
doença ( GVHD ) afecta o fígado, a pele ou o aparelho digestivo; pode ser grave, ou até fatal e pode
ocorrer em qualquer altura depois do transplante, mesmo anos mais tarde. Há medicação que pode
ajudar a prevenir, tratar ou controlar este processo de rejeição ( GVHD ).

ASPECTOS PSICOLÓGICOS

O cancro é uma das doenças com maior incidência em Portugal e no mundo, estando associado a
importantes implicações a nível físico, psicológico e social. Habitualmente conduz a uma qualidade de
vida diminuída, sendo um dos principais problemas de saúde do século XXI. 
Nos últimos 30 anos, uma consciência cada vez maior tem recaído sobre as repercussões emocionais e
interpessoais do cancro e seus tratamentos, bem como sobre o seu impacto no bem-estar dos doentes, o
que contribuiu para o aparecimento de um novo campo de estudo em oncologia: a Psico-Oncologia.Esta
nova disciplina tem-se focado essencialmente nas necessidades psicossociais do doente, sua família e
profissionais de saúde e também na influência dos factores emocionais e comportamentais no início e
progressão da doença.
Tendo subjacente a definição de saúde da OMS como “um estado de completo bem-estar físico, mental
e social e não apenas a ausência de doença”, a Psico-Oncologia perspectiva o doente no seu todo,
reconhecendo a necessidade de cuidados psicológicos, para além dos indispensáveis cuidados médicos.
Assim, actualmente tem sido reconhecido que as intervenções psicossociais deverão ser parte integrante
dos cuidados médicos prestados ao doente oncológico e não apenas uma modalidade de tratamento
independente para o cancro, ajudando a:

 Lidar melhor com a doença e seus tratamentos, promovendo uma melhor adesão terapêutica;
 Prevenir a perturbação psicológica e dificuldades no funcionamento familiar;
 Alargar, activar e reforçar potenciais redes de apoio informal, diminuindo sentimentos de isolamento,
desamparo e abandono;
 Clarificar percepções e informações erróneas, promovendo o conhecimento acerca da doença e seus
tratamentos;
 Aumentar a percepção de controlo sobre a doença;
 Reduzir os efeitos físicos colaterais da doença e dos tratamentos;
 Melhorar os parâmetros médicos (funcionamento imunológico), trazendo benefícios ao nível do curso
da doença, recorrência e sobrevivência;
 Promover o bem-estar emocional dos familiares;
 Facilitar a comunicação entre o doente e os profissionais de saúde.

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Dra. Sónia Rego Oncologia